A arte de tingir com cores da natureza e o desejo pela sustentabilidade fazem que os corantes naturais retornem na atualidade
Por
muitos séculos os corantes naturais foram a única alternativa para
atribuir cores a tecidos e alimentos. A coleta de plantas e animais, sua
extração e tingimento de tecidos foi uma arte que cumpriu importante
papel socioeconômico a nível mundial.
No final
do século XIX, quando foi descoberto um corante sintético a partir da
malva, rapidamente se substituiu os corantes naturais. Com o passar do
tempo, muitas receitas de tingimento foram perdidas e caíram no
esquecimento.
Hoje, o
retorno do interesse pelos corantes naturais é devido aos danos à saúde e
ao meio ambiente associados aos corantes sintéticos. Estes são
comprovadamente responsáveis por provocarem hiperatividade em crianças e
alergias quando ingeridos. Em termos ambientais, a etapa de síntese e
tingimento causa poluição das águas, exigindo tratamentos bastante caros
e técnicos. Os corantes naturais são normalmente tratados por procesos
biodegradáveis, que são mais baratos e simples.
Muitos
corantes no passado tampouco foram benéficos ao meio ambiente. Um dos
exemplos mais notáveis foi a quase extinção do pau-brasil, árvore cuja
madeira tinha um extrato vermelho que foi bastante usado na Europa para
tingir tecidos da elite. Tão forte foi a exploração destas árvores que
sua marca ficou até hoje no nome do país.
A grande
maioria dos corantes sintéticos é obtida do petróleo. Atualmente, o
retorno dos corantes naturais acompanha uma conscientização dos
consumidores e empresas de que os recursos naturais são finitos. Assim, o
uso das plantas, insetos e até mesmo resíduos de indústrias
alimentícias e madeireiras são fontes que podem originar os corantes
naturais.
Os usos e
aplicações dos corantes naturais são os mais diversos. É possível
tingir tecidos, papel, couro, alimentos e cosméticos.
A
versatilidade de mudança de cor que os corantes naturais têm não se
encontra nos sintéticos. Por terem muitas substâncias em seu extrato
natural, a cor é diferente e pode ser mudada por meio de variações de
pH, com auxilio de sais metálicos ou outros extratos naturais.
Além da
cor, os corantes naturais podem ter funcionalidade, como é o caso das
antocianinas e taninos, que são geralmente antioxidantes.
Há quem
diga que os corantes naturais, porque são provenientes de seres vivos,
ainda continuam vivendo nos tecidos, alimentos e onde quer que sejam
aplicados.
Ticiane
Rossi é engenheira florestal formada pela Universidade de São Paulo,
com mestrado em Ciências. Ela pesquisa resíduos de eucalipto como
corante natural para tingimento têxtil.
Fonte: Site Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry
Hoje, mais do que nunca, as marcas e organizações estão de olho nos malefícios dos corantes sintéticos, e irão produzir cada vez mais produtos que contribuam para nossa saúde e para o meio ambiente. Não são todas, mas já é um começo!
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